A TECNOLOGIA ASSISTIVA EM AMBIENTE COMPUTACIONAL E TELEMÁTICO
PARA A AUTONOMIA DE ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA

 

Teófilo Galvão Filho  (*)
Luciana Lopes Damasceno  (**)
 



OBSERVAÇÕES:

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- Os recursos e websites mencionados têm os seus endereços de referência relacionados no final do texto.
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I- Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e a Tecnologia Assistiva

    Conforme destacou Vygostsky, é sumamente relevante para o desenvolvimento humano o processo de apropriação, por parte do indivíduo, das experiências presentes em sua cultura. O autor enfatiza a importância da ação, da linguagem e dos processos interativos na construção das estruturas mentais superiores (VYGOTSKY, 1987). O acesso aos recursos oferecidos pela sociedade, escola, tecnologias, etc., influenciam determinantemente nos processos de aprendizagem da pessoa.

    Entretanto, as limitações do indivíduo com deficiência tendem a se tornarem uma barreira para esse aprendizado. Desenvolver e disponibilizar recursos de acessibilidade, a chamada Tecnologia Assistiva, seria uma maneira concreta de neutralizar as barreiras causadas pela deficiência e possibilitar a inserção desse indivíduo nos ambientes ricos para a aprendizagem, proporcionados por sua cultura.

    Outra dificuldade que as limitações de interação trazem consigo são os preconceitos a que a pessoa com deficiência está sujeita. Desenvolver recursos de Tecnologia Assistiva também pode significar combater esses preconceitos, pois, no momento em que lhe são dadas as condições para interagir e aprender, explicitando o seu pensamento, o indivíduo com deficiência mais facilmente será percebido e tratado como um "diferente-igual"... Ou seja, "diferente" por sua condição de pessoa com deficiência, mas ao mesmo tempo "igual" por interagir, relacionar-se e competir em seu meio com recursos mais poderosos, proporcionados pelas adaptações de acessibilidade de que dispõe. É visto como "igual", portanto, na medida em que suas "diferenças", cada vez mais, são situadas e se assemelham com as diferenças intrínsecas existentes entre todos os seres humanos. Esse indivíduo poderá, então, dar passos maiores em direção a eliminação das discriminações, como consequência do respeito conquistado com a convivência, aumentando sua auto-estima, porque passa a poder explicitar melhor seu potencial e seus pensamentos.

    É sabido que as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) vêm se tornando, de forma crescente, importantes instrumentos de nossa cultura, e o acesso a elas, um meio concreto de inclusão e interação no mundo. A chamada "cibercultura" (LÉVY, 1999) permeia cada vez mais as diferentes realidades da sociedade contemporânea, influenciando e reconfigurando os processos de aprendizagem e desenvolvimento.

    Essa constatação é ainda mais evidente e verdadeira quando nos referimos a pessoas com deficiência. Como bem sinalizou Mary Pat Radabaugh:

Para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis.
Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis
. (RADABAUGH, 1993)

    Nesses casos, as TIC podem ser utilizadas ou como Tecnologia Assistiva, ou por meio da Tecnologia Assistiva.

    Segundo o conceito proposto pelo Comitê de Ajudas Técnicas, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República:

Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (GALVÃO FILHO et al., 2009, p. 26).

    São considerados recursos de Tecnologia Assistiva, portanto, desde artefatos simples, como uma colher adaptada, uma bengala ou um lápis com uma empunhadura mais grossa para facilitar a preensão, até sofisticados sistemas computadorizados, utilizados com a finalidade de proporcionar uma maior independência e autonomia à pessoa com deficiência (GALVÃO FILHO, 2009b).

    Sobre esses "sistemas computadorizados", ou seja, as TIC utilizadas como Tecnologia Assistiva, ou por meio de Tecnologia Assistiva, é que queremos tratar aqui.

    As diferentes maneiras de utilização das TIC como Tecnologia Assistiva têm sido sistematizadas e classificadas das mais variadas formas, dependendo da ênfase que quer dar cada pesquisador. Nós, aqui, optamos por apresentar uma classificação que divide essa utilização em quatro áreas (SANTAROSA, 1997 e, na Web, em PROINESP/MEC):

a) As TIC como sistemas auxiliares ou prótese para a comunicação: Talvez esta seja a área onde as TIC tenham possibilitado avanços mais significativos. Em muitos casos o uso dessas tecnologias tem se constituído na única maneira pela qual diversas pessoas podem comunicar-se com o mundo exterior, podendo explicitar seus desejos e pensamentos. Essas tecnologias têm possibilitado a otimização na utilização de Sistemas Alternativos e Aumentativos de Comunicação (SAAC), com a informatização dos métodos tradicionais de comunicação alternativa, como os sistemas Bliss, PCS ou PIC, entre outros.


b) As TIC utilizadas para controle do ambiente: As TIC, como Tecnologia Assistiva, também são utilizadas para controle do ambiente, possibilitando que a pessoa com comprometimento motor possa comandar remotamente aparelhos eletrodomésticos, acender e apagar luzes, abrir e fechar portas, enfim, ter um maior controle e independência nas atividades da vida diária.


c) As TIC como recurso de acessibilidade na educação: As dificuldades de muitas pessoas com necessidades educacionais especiais no seu processo de aprendizado e desenvolvimento têm encontrado uma ajuda eficaz na utilização das TIC como recurso de acessibilidade na educação. Diferentes pesquisas têm demonstrado a importância dessas tecnologias no processo de construção dos conhecimentos desses alunos.


d) As TIC como meio de inserção no mundo do trabalho profissional: Pessoas com graves comprometimentos vêm podendo tornar-se cidadãs ativas e produtivas, em vários casos garantindo o seu sustento, por meio do uso das TIC.
 


    Com certa frequência essas quatro áreas se relacionam entre si, podendo determinada pessoa estar utilizando as TIC com finalidades presentes em duas ou mais dessas áreas. É o caso, por exemplo, de uma pessoa com problemas de comunicação e linguagem que utiliza o computador como prótese de comunicação e, ao mesmo tempo, como caderno eletrônico ou em outras atividades de ensino e aprendizagem (GALVÃO FILHO e DAMASCENO, 2006).

 

II- Utilizando a Tecnologia Assistiva em Ambiente Computacional e Telemático


    Nosso interesse específico aqui é apresentar um pouco mais detalhadamente alguns recursos de Tecnologia Assistiva para o acesso ao computador e à internet, utilizadas no trabalho educacional com alunos com necessidades especiais. Ou seja, o acesso ao ambiente educativo computacional e telemático, feito por meio de Tecnologia Assistiva.

    Conforme tem sido detectado:


A importância que assumem essas tecnologias no âmbito da Educação Especial já vem sendo destacada como a parte da educação que mais está e estará sendo afetada pelos avanços e aplicações que vêm ocorrendo nessa área para atender necessidades específicas, face às limitações de pessoas no âmbito mental, físico-sensorial e motoras com repercussão nas dimensões sócio-afetivas. (SANTAROSA, 1997).


    Em nosso trabalho educacional, portanto, utilizamos adaptações com a finalidade de possibilitar a interação, no computador, de alunos com diferentes graus de comprometimento motor e/ou de comunicação e linguagem, em processos de ensino e aprendizagem.

    Essas adaptações podem ser de diferentes ordens, como, por exemplo:
 

[...] adaptações especiais, como tela sensível ao toque, ou ao sopro, detector de ruídos, mouse alavancado a parte do corpo que possui movimento voluntário e varredura automática de itens em velocidade ajustável, permitem seu uso por virtualmente todo portador de paralisia cerebral qualquer que seja o grau de seu comprometimento motor.
(Magalhães, Leila N. A. P. et al, in
http://www.c5.cl/ieinvestiga/actas/ribie98/111.html).
 

    Nós classificamos os recursos de Tecnologia Assistiva que utilizamos para o acesso ao computador em três grupos:

1- Adaptações físicas ou órteses.
São todos os aparelhos ou adaptações fixadas e utilizadas no corpo do aluno e que facilitam a interação do mesmo com o computador.

2- Adaptações de hardware.
São todos os aparelhos ou adaptações presentes nos componentes físicos do computador, nos periféricos, ou mesmo, quando os próprios periféricos, em suas concepções e construção, são especiais e adaptados.

3- Softwares especiais de acessibilidade.
São os componentes lógicos das TIC quando construídos como Tecnologia Assistiva. Ou seja, são os programas especiais de computador que possibilitam ou facilitam a interação do aluno com deficiência com a máquina.



1- ADAPTAÇÕES FÍSICAS OU ÓRTESES:


    Quando buscamos a postura correta para um aluno com deficiência física, em sua cadeira adaptada ou de rodas, utilizando almofadas, ou faixas para estabilização do tronco, ou velcro, etc., antes do trabalho no computador, já estamos utilizando recursos ou adaptações físicas muitas vezes bem eficazes para auxiliar no processo de aprendizagem dos alunos. Uma postura correta é vital para um trabalho eficiente no computador.

    Alguns alunos com sequelas de paralisia cerebral têm o tônus muscular flutuante (atetóide), fazendo com que o processo de digitação se torne lento e penoso, pela amplitude do movimento dos membros superiores na digitação. Um recurso que utilizamos é a pulseira de pesos que ajuda a reduzir a amplitude do movimento causado pela flutuação no tônus, tornando mais rápida e eficiente a digitação. Os pesos na pulseira podem ser acrescentados ou diminuídos, em função do tamanho, idade e força do aluno. Determinado aluno nosso, por exemplo, utiliza a capacidade total de pesos na pulseira devido a intensidade da flutuação de seu tônus e também porque sua complexão física assim o permite.

Foto de aluno digitando usando pulseira de pesos
Pulseira de pesos
Foto de aluno digitando utilizando diferentes recursos de Tecnologia Assistiva
Aluno
com pulseira
e teclado fixado
Foto de aluno com pulseira de pesos
Pulseira de pesos

    Outra órtese que utilizamos é o estabilizador de punho e abdutor de polegar com ponteira para digitação, para alunos, principalmente com paralisia cerebral, que apresentam essas necessidades (estabilização de punho e abdução de polegar).


Estabilizador de punho
e abdutor de polegar


Com ponteira para
digitação

    Além dessas adaptações físicas e órteses que utilizamos, existem inúmeras outras que também podem ser úteis, dependendo das necessidades específicas de cada aluno, como os ponteiros de cabeça, ou hastes fixadas na boca ou queixo, quando existe o controle da cabeça, entre outras.


Haste fixada na cabeça
para digitação (foto: catálogo
da empresa Expansão)



2- ADAPTAÇÕES DE HARDWARE:


    Um dos recursos mais simples e eficientes como adaptação de hardware é a máscara de teclado (ou colméia). Trata-se de uma placa de plástico ou acrílico com um furo correspondente a cada tecla do teclado, que é fixada sobre o teclado, a uma pequena distância do mesmo, com a finalidade de evitar que o aluno com dificuldades de coordenação motora pressione, involuntariamente, mais de uma tecla ao mesmo tempo. Esse aluno deverá procurar o furo correspondente à tecla que deseja pressionar.


Máscara de teclado
encaixada no mesmo


Máscara de teclado
sobreposta ao mesmo

    Alunos com dificuldades de coordenação motora associada à deficiência intelectual também podem utilizar a máscara de teclado junto com "tampões" de papelão ou cartolina, que deixam à mostra somente as teclas que serão necessárias para o trabalho, em função do software que será utilizado. Desta forma, será diminuído o número de estímulos visuais (muitas teclas), que podem tornar o trabalho muito difícil e confuso para alguns alunos, por causa das suas dificuldades de abstração ou concentração. Vários tampões podem ser construídos, disponibilizando diferentes conjuntos de teclas, dependendo do software que será utilizado.


Máscara de teclado
com poucas teclas expostas


Teclado com máscara
coberta

    Outras adaptações simples que podem ser utilizadas, dizem respeito ao próprio posicionamento do hardware.

    Por exemplo, um aluno que digita utilizando apenas uma mão, em certa etapa de seu trabalho, e com determinado software que exigia que ele pressionasse duas teclas simultaneamente, descobriu ele mesmo que, se colocasse o teclado em seu colo na cadeira de rodas, poderia utilizar também a outra mão para segurar uma tecla (tecla Ctrl), enquanto pressionava a segunda tecla com a outra mão.

    Já outro aluno começou a conseguir utilizar o mouse para pequenos movimentos (utilização combinada com um simulador de teclado) com a finalidade de escrever no computador, colocando o mouse posicionado em suas pernas, sobre um livro ou uma pequena tábua.

    Outra solução que utilizamos é reposicionar o teclado perto do chão para digitação com os pés, recurso utilizado por uma aluna que não consegue digitar com as mãos.

    E assim, diversas variações podem ser feitas no posicionamento dos periféricos para facilitar o trabalho do aluno, sempre, é claro, em função das necessidades específicas de cada aluno.


Posicionamento do mouse
no colo do aluno


Teclado com alteração na
inclinação e fixado à mesa


Teclado reposicionado
para digitação com o pé


    Além dessas adaptações de hardware que utilizamos (outros exemplos
aqui), existem muitas outras que podem ser encontradas em empresas especializadas, como acionadores especiais, mouses adaptados, teclados especiais, além de hardwares especiais como impressoras Braille, monitores com tela sensível ao toque, etc. (ver outros endereços no final).



3- SOFTWARES ESPECIAIS DE ACESSIBILIDADE:


    Alguns dos recursos mais úteis e mais facilmente disponíveis, porém muitas vezes ainda desconhecidos, são as "Opções de Acessibilidade" do Windows (Iniciar - Configurações - Painel de Controle - Opções de Acessibilidade). Por meio desses recursos, diversas modificações podem ser feitas nas configurações do computador, adaptando-o a diferentes necessidades dos alunos. Por exemplo, um aluno que, por dificuldades de coordenação motora, não consegue utilizar o mouse mas pode digitar no teclado (o que ocorre com muita freqüência), tem a solução de configurar o computador, através das Opções de Acessibilidade, para que a parte numérica à direita do teclado realize todos os mesmos comandos na seta do mouse que podem ser realizados pelo próprio mouse. Colocamos aqui, passo a passo, a forma de configurar o computador para utilizar as
Opções de Acessibilidade do Mouse: clique aqui.

    Além do mouse, outras configurações podem ser feitas, como a das "Teclas de Aderência", a opção de "Alto Contraste na Tela" para pessoas com baixa visão, entre outras opções.

    Outros exemplos de Software Especial de Acessibilidade são os simuladores de teclado e de mouse. Todas as opções do teclado ou as opções de comando e movimento do mouse, podem ser exibidas na tela e selecionadas, ou de forma direta, ou por meio de varredura que o programa realiza sobre todas as opções. Para as necessidades de nossos alunos, encontramos na Internet o site do técnico espanhol Jordi Lagares, no qual ele disponibiliza para download diversos programas freeware por ele desenvolvidos. Tratam-se de simuladores que podem ser operados de forma bem simples, além de serem programas muito "leves" (menos de 1 MB). Com o simulador de teclado e o simulador de mouse, um aluno nosso com 38 anos, por exemplo, pode começar a utilizar o computador e expressar melhor todo o seu potencial cognitivo, iniciando a aprender a ler e escrever. Esse aluno, que é tetraplégico, só conseguia utilizar o computador por meio desses simuladores, que lhe possibilitam transmitir todos os comandos ao computador somente através de sopros em um microfone. Isso lhe permitiu escrever pela primeira vez na vida, além de desenhar, jogar, construir seu site na Internet e realizar diversas atividades que antes lhe eram impossíveis. Atualmente, ele já consegue utilizar o mouse sobre as pernas, para pequenos movimentos. Ou seja, com esses recursos de acessibilidade, horizontes novos se abriram para ele, possibilitando que sua inteligência, antes aprisionada por um corpo extremamente limitado, encontrasse novos canais de expressão e desenvolvimento.

 


Aluno comandando o
computador com sopros
no microfone

O microfone é fixado
à cabeça

Todos os periféricos são
reposicionados para
facilitar o trabalho

   
    O
utros recursos bem simples, porém bastante úteis, podem ser desenvolvidos. Por exemplo, diferentes acionadores (switches) com frequência são necessários para a utilização dos Softwares Especiais de Acessibilidade. Para o acionamento de diferentes softwares, podem ser feitas adaptações nos mouses comuns com a instalação de plugs laterais, disponibilizando, através desses plugs, uma extensão do terminal do clique no botão esquerdo do mouse. Com frequência, um simples clique no botão esquerdo do mouse é suficiente para que o aluno possa desenvolver qualquer atividade no computador, comandando a varredura automática de um software, tal como escrever, desenhar, navegar na internet, mandar e-mail, etc. Para que isso seja possível, também podem ser desenvolvidos diferentes switches para serem conectados nesses plugs dos mouses e, assim, efetuar o comando correspondente ao clique no botão esquerdo com a parte do corpo que o aluno tiver melhor controle voluntário e sincrônico (braços, pernas, pés, cabeça, etc.). Esses acionadores podem ser construídos até mesmo com sucata de computador, aproveitando botões de liga/desliga dessas máquinas, às vezes para serem presos nos próprios dedos do aluno ou para acionamento com a cabeça. São soluções simples, de custo praticamente nulo, porém de alta funcionalidade, e que se tornam, muitas vezes, a diferença para alguns alunos entre poder ou não utilizar o computador.

 


Mouse adaptado com plug

Acionador confeccionado com botão liga/desliga de computador

Switche para acionamento por diferentes partes do corpo, feito com sucata de computador

 

    Para mais alguns exemplos de acionadores simples e de fácil acesso que utilizamos com nossos alunos, basta clicar aqui.

    Existem diversos sites na Internet que disponibilizam gratuitamente outros simuladores e programas especiais de acessibilidade. Atualmente é possível controlar a seta do mouse apenas com o movimento da cabeça, movimento este captado por uma webcam comum (por exemplo, softwares HeadMouse, ou HeadDev). Ou seja, uma pessoa tetraplégica, que mantenha o controle de cabeça, pode realizar qualquer atividade no computador apenas movimentando a cabeça, sem necessidade de nenhum equipamento especial e por meio de um software gratuito que pode ser baixado pela internet (endereços nas referências, no final).

    Como softwares especiais para a comunicação, existem os que permitem que se use as versões computadorizadas dos sistemas tradicionais de comunicação alternativa, como o Bliss, o PCS ou o PIC.

    Para pessoas com deficiência visual existem os softwares que "fazem o computador falar":
 

Também os cegos já podem utilizar sistemas que fazem a leitura da tela e de arquivos por meio de um alto-falante; teclados especiais que têm pinos metálicos que se levantam formando caracteres sensíveis ao tato e que "traduzem" as informações que estão na tela ou que estão sendo digitadas e impressoras que imprimem caracteres em Braille. (FREIRE, 2000)
 

    Para os cegos existem programas como o DOSVOX, o Virtual Vision, Jaws, NVDA, Orca e outros.

    Além de todos estes recursos de acessibilidade que apresentamos, existem outros tipos e dimensões de acessibilidade que também são pesquisados e estudados por outros profissionais, como as pesquisas sobre Acessibilidade Física, que estudam as barreiras arquitetônicas para as pessoas com deficiência e as formas de evitá-las, e as instituições interessadas nessas pesquisas (por exemplo, a Comissão Civil de Acessibilidade, aqui mesmo de Salvador). Outra conceito novo é o conceito de Acessibilidade Virtual, que estuda as melhores maneiras de tornar a Internet acessível a todas as pessoas.

    É importante ressaltar que as decisões sobre os recursos de acessibilidade que serão utilizados com os alunos, têm que partir de um estudo pormenorizado e individual, com cada aluno. Deve começar com uma análise detalhada e escuta aprofundada de suas necessidades, para, a partir daí, ir optando pelos recursos que melhor respondam a essas necessidades (GALVÃO FILHO, 2009a). Em alguns casos é necessária também a escuta de diferentes profissionais, como terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas ou outros, antes da decisão sobre a melhor adaptação. Todas as pesquisas, estudos e adaptações que fomos construindo ou captando em nosso trabalho ao longo dos anos, partiram das necessidades específicas dos nossos alunos.

 

Referências bibliográficas e alguns links relacionados:


FREIRE, Fernanda M. P. Educação Especial e recursos da informática: superando antigas dicotomias. Biblioteca Virtual, Textos, PROINFO/MEC, 2000, Disponível em: <http://www.proinfo.gov.br> Acesso em 14 jun. 2002.

GALVÃO FILHO, Teófilo e DAMASCENO, Luciana, Tecnologia Assistiva para autonomia do aluno com necessidades educacionais especiais, Revista INCLUSÃO, Brasília: Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação (SEESP/MEC), ano 2, n. 02, p. 25-32, 2006. (disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/revistainclusao2.pdf)

GALVÃO FILHO, Teófilo et al. Conceituação e estudo de normas. In: BRASIL, Tecnologia Assistiva. Brasília: CAT/SEDH/PR, 2009, p. 13-39. (disponível em:  www.galvaofilho.net/livro-tecnologia-assistiva_CAT.pdf)

GALVÃO FILHO, Teófilo. Tecnologia Assistiva para uma Escola Inclusiva: apropriação, demandas e perspectivas. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2009a. (disponível em: www.galvaofilho.net/tese.htm)

GALVÃO FILHO, Teófilo. A Tecnologia Assistiva: de que se trata? In: MACHADO, G. J. C.; SOBRAL, M. N. (Orgs.). Conexões: educação, comunicação, inclusão e interculturalidade. 1 ed. Porto Alegre: Redes Editora, p. 207-235, 2009b. (disponível em: www.galvaofilho.net/assistiva.pdf)

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.

RADABAUGH, Mary Pat. Study on the Financing of Assistive Technology Devices of Services for Individuals with Disabilities - A report to the president and the congress of the United State, National Council on Disability, Março 1993. Disponível em <http://www.ccclivecaption.com> Acesso em 04 dez. 2007.

SANTAROSA, Lucila M.C. "Escola Virtual" para a Educação Especial: ambientes de aprendizagem telemáticos cooperativos como alternativa de desenvolvimento. Revista de Informática Educativa, Bogotá/Colombia, UNIANDES, 10(1): 115-138, 1997

VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

Softwares Especiais- Jordi Lagares: http://www.xtec.cat/~jlagares/f2kesp.htm
Softwares Especiais- http://www.acessibilidade.net/
Softwares Especiais- HeadMouse: http://robotica.udl.cat/catedra/headmouse/version30/headmouse3por.htm
Softwares Especiais- HeadDev: http://www.ajudas.com/prdVer.asp?id=188
Softwares Especiais- DOSVOX (UFRJ):
http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/
Softwares Especiais- Projeto microFênix (UFRJ):
http://intervox.nce.ufrj.br/microfenix/
Softwares Especiais-
http://www.saci.org.br/?modulo=akemi&parametro=3847
Softwares Especiais- Manuais diversos: http://www.renapi.gov.br/acessibilidade/manuais
Tecnologia Assistiva: http://www.galvaofilho.net/publicacoes.htm
Tecnologia Assistiva:
http://www.assistiva.org.br/
Tecnologia Assistiva: http://www.ajudas.com/
Tecnologia Assistiva:
http://www.ceapat.org/
Comunicação Alternativa: http://www.c5.cl/ieinvestiga/actas/ribie98/111.html
Comunicação Alternativa: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ajudas_tec.pdf
Comunicação Alternativa- Plaphoons: http://www.renapi.gov.br/acessibilidade/manuais/tsa/plaphoons.pdf



PARA CITAR ESTE ARTIGO:

GALVÃO FILHO, Teófilo A. e DAMASCENO, Luciana L. As novas tecnologias e a Tecnologia Assistiva: utilizando os recursos de acessibilidade na educação especial. Fortaleza, Anais do III Congresso Ibero-americano de Informática na Educação Especial, MEC, 2002.

 

AUTORES:

(*) Teófilo Galvão Filho (www.galvaofilho.net): Doutor e Mestre em Educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), especialista em Informática na Educação e graduado em Engenharia. É Professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB e membro do Comitê de Ajudas Técnicas da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
teofilo
arrobagalvaofilho.net,  teofiloarrobaufrb.edu.br

(**) Luciana Lopes Damasceno (http://lattes.cnpq.br/7551448007953611): Mestre em Educação e Pedagoga pela Universidade Federal da Bahia, especialista em Projetos Educacionais e Informática e em Alfabetização Infantil. Atua como pedagoga do Instituto de Cegos da Bahia e da Informática Educativa do CRPD/OSID - lucidamascenoarrobauol.com.br.

 

 

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