JORNAL A TARDE - Salvador-Bahia, 18/07/2002

http://www.atarde.com.br/materia.php3?mes=07&ano=2002&id_materia=2448

Cidadania
Centro faz 10 anos de atuação em prol de jovens deficientes

Xando P.

2.500 PESSOAS ATENDIDAS NO MÊS


Nikas Rocha

Apresentando resultados positivos na assistência e recuperação de crianças, adolescentes e adultos jovens com deficiências físicas e mentais, o Centro de Reabilitação e Prevenção de Deficiências (CRPD) das Obras Sociais Irmã Dulce, completou, ontem, 10 anos. A data foi comemorada com uma programação especial, que incluiu uma missa de ação de graças às 8h30, celebrada no prédio do centro, na Avenida Bonfim e às 10 horas, com uma confraternização entre funcionários, médicos e pacientes. Na ocasião, foi inaugurado um painel doado pelo artista plástico Bel Borba, denominado Mata Hari, inspirado na natureza e nos movimentos corporais.

A diretora do CRPD, a psicóloga Laura Queirós, lembrou do desafio que os funcionários aceitaram para levar à frente o trabalho do centro inaugurado em 1992, pouco depois da morte de Irmã Dulce. “Tivemos que constituir nossa administração a partir das suas necessidades e hoje, conseguimos dar conta delas”, assinalou. O centro atua nas áreas de educação, garantia dos direitos das pessoas com deficiência e sobretudo, destaca a diretora, assegura o direito à vida dos que são abandonados pelas famílias desde muito cedo. “Realizamos principalmente um trabalho de inclusão social”, destacou.

Informática educativa

O CRPD atende mensalmente em seu serviço ambulatorial 2.500 pessoas e mantém 131 internos, garantindo-lhes moradia, roupas, alimentação e acesso à educação. A assistência oferecida inclui atendimento médico, fisioterapia, terapia ocupacional, odontologia especializada, informática educativa, programa de desenvolvimento de habilidades individuais e o de estimulação precoce para bebês de alto risco e crianças com idade de até três anos. Outro importante trabalho é o Programa de Informática na Educação Especial.

Este programa tem obtido resultados positivos na alfabetização e na educação de pessoas com seqüelas de paralisia cerebral ou com problemas de deficiência motora. O seu coordenador, Teófilo Galvão Filho, explica que ele tem usado o computador como ferramenta educacional para trabalhar o desenvolvimento do potencial cognitivo dos pacientes, visando estimular o raciocínio lógico, criar a autonomia para que cada um possa resolver seus próprios problemas e melhor interagir com o seu meio social. “Temos conseguido alfabetizar e fazer com que pessoas leiam e escrevam após passarem por escolas sem terem obtido êxito”, comemora ele.

O Laboratório de Informática Educativa atende 130 alunos, dos quais 25 são moradores do centro. Soluções simples e baratas, segundo seu coordenador, têm possibilitado a utilização de novas tecnologias que auxiliam no aprendizado dos pacientes. Um exemplo é o interno Raimundo Félix, que com um alto grau de deficiência motora começou a ler e escrever usando o sopro no microfone para comandar o computador. Hoje, diz Teófilo Galvão, o paciente escreve, desenha e joga utilizando o microfone. Por meio da técnica, o coordenador diz que ele conseguiu encontrar um canal de expressão para sua inteligência aprisionada num corpo com séria deficiência física.

 

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